sábado, 25 de junho de 2011

Pequi é utilizado para reflorestar áreas degradadas

Pequi é utilizado para reflorestar áreas degradadas no Estado
Fonte: www.sonoticias.blogspot.com


Há dez anos, a pesquisadora da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), Lozenil Carvalho Frutuoso, e o biólogo João Bosco Pereira, estudam o comportamento de cinco espécies frutíferas do cerrado (pequi, jatobá, cagaita, cumbaru e jenipapo) para serem utilizadas para reflorestamento de áreas degradadas, consumo animal e humano. A unidade demonstrativa foi implantada na Estância 13, localizada na estrada da Ponte de Ferro, em Cuiabá, do proprietário e presidente da Associação de Fruticultura do Estado, Duílio Maiolino Filho, em uma área de um hectare.

A análise dos experimentos tem sido feita desde o plantio, coleta dos frutos no campo e desenvolvimento da planta - altura, espessura do tronco, adubação, avaliação da produtividade e outros. Lozenil ressalta que neste período do ano estão colhendo os frutos do pequi que na língua indígena, significa "casca espinhosa". Muito utilizado na culinária, o pequizeiro floresce durante os meses de agosto a dezembro. A pesquisadora informa que a maturação do fruto em Mato Grosso é tardia, começando em janeiro e encerrando em março.

Altamente calórico e perfumado com gosto meio adocicado é usado como condimento, rico em vitamina A e C, sua polpa contém uma boa quantidade de óleo comestível. Uma árvore de pequi produz em média dois mil frutos por ano, e começa a produzir no quinto ano, após o plantio. Os experimentos na propriedade do produtor Maiolino já atingiram de 400 a 500 frutos por ano e a produção começou no quarto ano após o plantio. O biólogo Bosco explica que o pequi comercializado no Estado é todo coletado no chão, apresentando frutos maduros e prontos para o consumo.

Conforme Lozenil, as frutíferas nativas foram escolhidas para que pudessem acompanhar seu desenvolvimento, seja na produção de mudas ou de frutos. Ela esclarece que as mudas plantadas na Estância 13 foram produzidas no laboratório da Empaer. A pesquisa que utiliza espécies frutíferas para reflorestamento de áreas degradadas foi aprovada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) com recursos do Programa de Desenvolvimento Agro-Ambiental (Prodeagro).

O engenheiro agrônomo da Empaer, Antônio Jesuíno de Oliveira, nesta época do ano, quando os frutos de pequi estão maduros, ele aproveita para produzir conservas da polpa ou do fruto inteiro. Na fazenda Triângulo, no município de Chapada dos Guimarães, às margens do Lago de Manso, (140 km de Cuiabá), propriedade rural do seu irmão, Sebastião Jesuíno de Oliveira, possui pequizeiros nativos que começam a frutificar no início de janeiro até meados de fevereiro.

Antônio Jesuíno explica que faz as conservas para consumo próprio desde o ano de 2000, utilizando água mineral para produção da salmoura. Ele ensina que os principais cuidados com a higiene na manipulação do pequi facilitam a sua conservação. Normalmente uma conserva de pequi dura em média um ano, as 80 conservas que fazem duram em média três anos.

O engenheiro lembra que na fazenda Triângulo os pequizeiros são nativos e que pretende replantar algumas mudas de pequi. "Nossa intenção é fazer uma parceria com o viveiro da Empaer repassando sementes de pequi para produção. Funcionaria mais ou menos assim: quatro mudas produzidas pelo viveiro, uma seria entregue para a fazenda e assim sucessivamente", destaca Jesuíno.

Utilidades - A semente do pequi é usada como expectorante, as folhas regulam o ciclo menstrual, as castanhas produzem um corante amarelo muito utilizado nos curtumes. O pequi tem também função medicinal e está sendo testado nos efeitos colaterais da quimioterapia.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

É TEMPO DE PEQUI




Pequis roletados
jjLeandro · Araguaína, TO

É tempo de pequi (Caryocar brasiliense) no Tocantins. Essa maravilha do cerrado está presente em todo o estado, sendo componente da alimentação de todas as classes sociais. Desde a ocupação colonial tornou-se alimento nobre e indispensável da culinária tocantinense cuja safra é esperada com ansiedade pela população nos últimos meses do ano.

O pequi merece a nossa atenção desde pouco antes do meio do ano quando emite os primeiros sinais que deixam claro ao sertanejo se a safra será boa ou não. Isso mesmo. Como outras frutas do cerrado, entre elas o buriti, o pequi não tem uma produção constante ano após ano. Quando a árvore troca a folha verde-escura pela roupagem verde-clara no outono, é garantia de que a produção será boa.

E não dá outra. Ali pelo mês de julho estará florida, carregada de flores de filamentos e pétalas brancas.

Sabe o sertanejo que poderá valer-se de outros dividendos enquanto aguarda a produção garantida: várias espécies de animais procuram o pequizeiro para alimentar-se das flores que caem. Entre elas, caças nobres como o veado, a paca e o tatu. É empoleirar-se no pequizeiro durante a noite, no que por aqui chamam ‘espera’, para levar para casa a carne que será servida à mesa no dia seguinte. Como a prática é hábito transmitido há gerações, não há receio de destruição da fauna. Vale a garantia do alimento que, para muitas populações pobres do interior, é a única servida à mesa.

Quando o ciclo da floração é interrompido pelos frutos que intumescem nos cachos às extremidades dos galhos da árvore, praticamente desaparece a freqüência de caça. O sertanejo entretanto não se preocupa, as vitualhas voltarão a aparecer à mesa pouco tempo depois: durante a maturação dos frutos.
Entre outubro e novembro, a safra alcança o pico. Os pequizeiros carregados deixam desabar no chão com os ventos das chuvas as grandes frutas maduras. É quando os animais silvestres voltam a freqüentar as frondosas árvores e com eles os caçadores. A ‘espera’ volta a ser prática rotineira e o saboroso fruto bem se pode casar nas refeições a um assado de veado.

Bom é o pequi que cai

O sertanejo sabe que a fruta estará apta para o consumo quando cai do pé. Não deve colher os grandes frutos no cacho, pois acontece de a maioria assim colhida murchar e quando ‘roletada’ (abertura da casca com faca pela cintura) não desprender o caroço polpudo da casca.

O pequi caído do pé sofre a ação do calor do sol e do solo, amolecendo a casca. Após um ou dois dias, esse processo deixa-a tão mole que é capaz de dissolver ao toque da mão, liberando o caroço. Nem sempre o pequi nesse estágio pode ser aproveitado para o consumo humano, haja vista o risco de já estar contaminado pela putrefação. No entanto é alimento apreciado pelos animais silvestres. Tatus e pebas costumam enterrar o pequi para apressar a putrefação e liberar o caroço, voltando depois para degustar o fruto. Muitos assim enterrados e esquecidos nascem depois.
As feiras nas cidades tocantinenses, em outubro e novembro, exibem à venda os pequis colhidos no cerrado. Nas margens das rodovias são freqüentes sacos e mais sacos cheios dos frutos à venda para os motoristas.

Há muitas maneiras de comer o pequi. Os mais apressadinhos devoram-no cru, arrancando com a faca grandes lascas da polpa que comem com farinha – seca ou de puba. É um prato próprio para estômagos resistentes ou acostumados à ingestão. É desnecessário dizer o efeito colateral para pessoas não “aclimatadas”.

Versatilidade

Mas a culinária tocantinense reserva pratos variados para todos os gostos e estômagos cujo ingrediente principal é o pequi. Ele poderá unir-se ao arroz, ao feijão, à carne, ou solitário temperado com cebolinha e outros condimentos, com ou sem molho. Ah! A galinha caipira com pequi é o manjar dos deuses para os tocantinenses. Não somente aqui, sei, em Goiás também é muito apreciado. Mas falo de minha terra.

Quem pensa que a prodigalidade do pequi encerra-se na mesa subestima-o. A fruta pode ser aproveitada para extração do óleo comestível, que tem inclusive propriedades medicinais, licores e sucos. O caroço, ou somente a polpa extraída dele em tiras, pode ser usado para conserva.

Desde que o colonizador travou contato com o pequizeiro que lança mão de sua madeira para a construção ou transformação em carvão vegetal. Os pequizeiros maduros (velhos) forneceram ao longo de séculos de colonização boa madeira para currais e emprego em cavernas de embarcações na região do rio Tocantins.

Hoje, apesar da proteção estabelecida em lei, o pequizeiro é extremamente ameaçado pelo avanço agropecuário e emprego na indústria do carvão vegetal. Por causa disso, pode chegar um dia em que nem a sua tão decantada propriedade benéfica à memória será capaz de torná-lo lembrado pelas gerações futuras. Sabemos todos, e isso é chiste por aqui, que quem se delicia com o pequi é capaz de se lembrar da ingestão mesmo que arrote horas depois de tê-lo consumido. O gosto forte que retorna à boca é o responsável pela lembrança.
Fonte: www.overmundo.com.br

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A GUERRA DO PEQUI

04/11/2010
Adilson Cardoso

De longe, Alípio Capataz avistou um vulto que inexplicavelmente desapareceu na mata, como se fosse aparição que vem mandada do reino dos mortos ou bicho homem montando tocaia. Puxou forte as rédeas da égua parda e assuntou, fez o sinal da cruz no peito, ajeitando a cartucheira, certificou-se de que o gatilho estivesse no ponto...

Vendo que nenhum movimento anormal deu continuidade, ele prosseguiu no trote do animal, destampou a binga e acendeu um cigarro de palha imaginando os passos seguintes e foi se aproximando do local. A égua bufava com o cansaço de muitas léguas e os sacos cheios de pequi dependurados, mas não pedia arrego, entendia que o dono precisava seguir sem paradas até o ponto em que a segurança fosse avistada. Eram muitas luas de companheirismo rasgando o sertão com a própria pele entre esponjeiras e carrapichos, urtigas e cansanção.

Alípio de vez em quando levantava a cabeça para observar toda a sua volta e recordava as últimas palavras do coronel Januário Simplício, sentindo um arrepio medonho como se algo estivesse prestes a acontecer. De repente, veio um cheiro de sangue lhe invadir as narinas e o coração disparou dando cutucadas no peito, mas não desanimou.

Da mesma maneira em que chegavam os presságios ruins, a voz valente de matuto corajoso devolvia:

- Vai, agoro do capeta, volta pro mei do Zinferno!

Mas a jura que o coronel havia feito após constatar que o seu filho Erisvaldo já era defunto não fugia do seu consciente. Ele sabia que, se treitasse, a morte vinha lhe buscar, pois ali era sertão sem alma, lugar onde cada nascer do dia que acordasse com vida era motivo de comemorar. Alípio não se arrependia por ter matado o filho do coronel e os outros pestes da família que se encontravam naquela hora. Foi um pouco mais digno, já que velhos e crianças foram poupados. Se não matasse, com certeza estaria morto. Mas se arrepende ao pensar que o velho ficara vivo. -É velho, mas não presta! - pensava resmungando. - Eu bem sei que cobra machucada vai longe pra picar e o veneno é ainda mais matador!

Desde que o pequi entrou em extinção, o preço da fruta do cerrado literalmente vale mais que ouro. Velhos garimpeiros que se entregavam nos fundos de minas e de rios sonhando com a sorte de uma isca de pedra preciosa agora se embrenham nas caatingas altamente vigiadas por jagunços de coronéis, no intuito de achar nem que seja um só para salvar o ganho do sustento.

Erisvaldo Simplício era temido e respeitado, sua violência interior não deixava que compaixão fizesse parte do seu vocabulário, um facínora mais cruel que qualquer cangaceiro um dia foi. Comandou uma das maiores chacinas contra catadores de pequi que a história pode contar. Famílias inteiras que tinham pequizeiros em suas terrinhas foram assassinadas e deixadas para servir aos urubus.

Alípio Capataz viu mãe, pai e os irmãos serem trucidados na sua frente pelo filho do coronel. Ele só conseguiu escapar com vida porque pensaram que o tiro que lhe deram na cabeça havia sido o suficiente para matá-lo, só que a sorte deixou que fosse apenas de raspão. Depois do episódio, passou longos anos perambulando pelas matas, se escondendo das chuvas embaixo das grutas e fazendo da solidão sua capa de aço que escudou a vingança, até o dia em que o sangue do maldito escorreu sob os seus pés.

Passou do local onde a cisma lhe mostrara o vulto e sorriu aliviado, sabendo que era apenas um caatigueiro que cruzou a estrada para beber num fiapo de rio que escorria embaixo de uns pés de baraúna. Passou as mãos apalpando os pequis e disse suspirando:

- Agora, eu vou embora! Vou comprar minha tranquilidade nas terras de São Saruê.

Fonte: www.onorte.net

ONDE ADQUIRIR MUDAS DE PEQUI?

30/05 - EMBRAPA TEM MUDAS DE PEQUI PARA VENDER


Onde posso adquirir caroços de pequi em grande quantidade, para cultivo?
Faisal Salmem - Belém (PA)



O viveiro de mudas frutíferas da Embrapa Cerrados, em Planaltina (DF), vende mudas de pequi. Cada muda custa R$ 4 e deve ser retirada pessoalmente no viveiro da unidade. O leitor pode entrar em contato com a Embrapa para verificar a disponibilidade de quantidade de mudas. O endereço da Embrapa Cerrados é BR 020 Km 18, Planaltina (DF), CEP 73310-970, Caixa Postal 08223. Consultas podem ser feitas pelo telefone (0--61) 3388-9854.


O pequi é uma fruta nativa do cerrado brasileiro, muito utilizada na cozinha nordestina, do Centro-Oeste e norte de Minas Gerais. Dela é extraído um azeite e seus frutos também são consumidos cozidos, puros ou em receitas culinárias. O sabor e o aroma dos frutos são marcantes e peculiares.
Do site www.todafruta.com.br

domingo, 14 de novembro de 2010

O pequi na Revista Brasileira de Fruticultura

Revista Brasileira de Fruticultura
Print version ISSN 0100-2945
Rev. Bras. Frutic. vol.29 no.1 Jaboticabal Apr. 2007
doi: 10.1590/S0100-29452007000100035
COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA
GENÉTICA E MELHORAMENTO DE PLANTAS



Pequi (Caryocar Brasiliense Camb.): informações preliminares sobre um pequi sem espinhos no caroço1



Pequi (Caryocar Brasiliense Camb.): preliminary information about a pequi plant without spunes in the seed kernel





Warwick Estevam KerrI; Francisco Raimundo da SilvaI; Bdijai TchucarramaeII

IInstituto da Genética e Bioquímica, Universidade Federal de Uberlandia. kerr@ufu.br
IIAldeia da Etnia Tchucarramae Mato Grosso


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RESUMO

É relatado o achado de uma planta de pequi (Caryocar brasiliense Cambi) no Norte de Mato Grosso, sem espinhos no caroço (figuras 1 e 2).
O pequi é a 3ª fruta mais consumida pelas populações do cerrado brasileiro e o seu único defeito é ter o caroço cheio de espinhos.

Termos para indexação: melhoramento, seleção natural, descoberta.


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ABSTRACT

One pequi plant, (Caryocar brasiliense Camb. Caryocaraceae) whose fruits had no spines in the kernel, was found in the Noth of Mato Grosso (figures 1 and 2). This is the third most consumed fruit by the populations of the Brazilian Cerrado and its only deffect is to have the kernel full of spines. The history of its discovery is related.

Index terms: improvements, natural selection, discovery


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INTRODUÇÃO

As Caryocaraceae são encontradas no neotrópico e têm dois gêneros: Anthodiscas (folhas opostas), cujas espécies vão de Santa Catarina até a Costa Rica, e Caryocar. O nome Caryocar vem do grego Karyon=noz, núcleo + caro= carne. Têm folhas alternas. Na Reserva Ducke (Manaus-AM), três espécies foram identificadas por Prance e Silva (1973): Caryocar glabrum, C.pallidum (=piquiarana), e C. villosum (=piquiá).Em Minas, São Paulo, norte do Paraná, Goiás, Mato Grosso, Tocantins, sull da Bahia, sul do Pará, sul do Maranhão, em todas as regiões de Cerrado, a espécie comum é a Caryocar brasiliense Camb. Os pequis florescem, na Amazônia, de agosto a dezembro e frutificam de novembro a março. Observamos que um conjunto de plantas do cerrado de Uberlândia floriu de 2 de abril de 2005 até 6 de maio de 2006.

Em todos os cerrados por que passamos, em época da floração, é comum que caçadores venham das 4 às 6 horas da manhã vigiar os pequizeiros em flor que as derrubam às centenas e atraem veados, pacas, cotias, porcos-espinho, capivaras, que têm especial predileção por elas. Isso é confirmado por Almeida et al. (1994). A produção é muito variável. A planta que produz pequi sem espinho no caroço , que encontramos, produziu ao redor de 500 frutos em 2004 e apenas 30 em 2005. Gribel (1986) constatou que 3% dos ovários de C. brasiliense se desenvolveram, mas apenas 1% chegou até semente. Morcegos são os grandes polinizadores. O mesmo autor informou que a dispersão dos frutos é realizada por gambás (Didelphis albiventris) e por uma gralha (Cyanocorax cristatelus). Em todas as áreas em que estivemos, o pequi é considerado afrodisíaco para os homens e fortificante para as mulheres grávidas. Essa segunda qualidade pode ser verídica devido à alta quantidade de vitamina A do pequi, já que 100 gramas de polpa comestível de pequi contém 20.000 mg de vitamina A, 12 mg de Vitamina C, 30 mg de vitamina B, 463 mg de riboflavina e 387mg de niacina (Franco,1982).Toda a população pobre dos estados brasileiros ocupados pelo pequi, de setembro a dezembro, consome o pequi em boa quantidade, com arroz, com carnes, em sopa, com angu, em doce de massa e na cachaça. A região do pequi ocupa quase 2.000 municípios e estima-se em cerca de 40.000 os coletores para vender os frutos ou os caroços aos compradores ou atravessadores. As milhares de pequenas farmácias e curandeiros das vilas e cidades dessa região, nessa época, são procurados por cerca de 3.000 pessoas (crianças e adultos) para retirarem os espinhos deixados pelos caroços no céu da boca de comedores descuidados. Essa característica é o principal defeito que elimina o pequi (Figura 1) de ser cultivado em casa e de sequer ser considerado uma fruta de mercado. É uma das frutas mais ricas em vitamina A, que é a principal deficiência alimentar dos pobres do Brasil.


O pequizeiro também é considerado árvore ornamental devido ao seu porte e à beleza das flores, que atraem beija-flores e diversas espécies de abelhas durante o dia. Todavia seus principais polinizadores são os morcegos e mariposas noturnas. As folhas do pequi são usadas em Minas e Goiás na alimentação do gado bovino, caprino, ovino e, em alguns lugares, das galinhas.Collevatti et al. (2003) estudaram 10 populações de Caryocar brasiliense e concluíram que múltiplas linhagens foram necessárias para dar origem às populações hoje existentes no Cerrado brasileiro. Melo Júnior et al. (2004), em um estudo em 4 lugares, Japonvar, Montes Claros, Francisco Sá e Bocaiúva, que compreendeu 240 plantas, concluíram: a) que houve um fluxo gênico muito grande, que atribuiu à polinização ser feita especialmente por morcegos que voam a longas distâncias. Há um alto índice de diversidade genética que sugere genes heteróticos. Também, constataram maior semelhança entre as populações de Japonvar, Montes Claros e Bocaiúva que atribuíram a menor distância entre elas (35 km). Indicaram que uma coleta de 82 matrizes é o valor mínimo de coleta para se manter a variabilidade Genética. Conhecido como a "carne dos pobres" no norte de Minas, o pequi apresenta um grande valor nutricional. Em 100 g de polpa de pequi, encontra-se 271,1 calorias, 13,5% de proteínas, além de vitaminas, cobre, ferro, etc . (Almeida & Silva, 1995). Segundo Ribeiro (2000), além de sua relevância para a alimentação de famílias do Cerrado, o pequi também se constitui em fonte de renda para uma parcela da população da região. Muitas pesquisas vêm sendo feitas com o pequi devido a sua importância social. Minas Gerais e Goiás reúnem 63,8% da produção nacional do pequi. Em Minas, apenas duas regiões são grandes produtoras: norte de Minas e Jequitinhonha. De toda a produção apenas 39% é vendida, evidenciando a importância do pequi para o auto-consumo das famílias coletoras e seus amigos. Da parcela comercializada, 79,4% é entregue a intermediários, 12,2% se destina à venda direta ao consumidor e 7,3 % vai para a indústria (Censo Agropecuário, 1996).

DESCOBERTA PARA A CIÊNCIA DO PEQUI SEM ESPINHOS NO CAROÇO.

No começo de outubro de 2004, um dos autores, Warwick Estevam Kerr, conversando sobre melhoramento de plantas com o Sr. Hélio do Carmo da Conceição (fazendeiro, Prefeito de São José do Xingu), que estava em Uberlândia tratando-se de câncer, informou-o de que, no norte do Tocantins, havia um fruticultor, Sr. Bdijai Tchucarramae, que possuía uma plantação com mais de 300 plantas de pequi, sendo que uma dessas plantas apresentava frutos sem espinhos no caroço (Figuras 1 e 2). Imediatamente, mediante suas indicações, organizamos uma mini-expedição para aquela região chefiada por outro dos autores, o Técnico Agrícola Francisco Raimundo da Silva. Conseguimos fundos do CNPq, condução da UFU, e no dia 07-11-04, na Caminhonete Mitsubshi da UFU e, dois motoristas saíram em direção a São José do Xingu com a finalidade de coletar sementes do pequizeiro em pauta. Lá chegando, o Técnico Francisco Raimundo da Silva tornou-se amigo do Sr. Bdijai Tchucarramae e conseguiu adquirir 9 sementes, e trazer alguns galhos. Das 9 sementes 7 germinaram. No mês de dezembro de 2005, uma nossa segunda expedição deslocou-se novamente até São José do Xingu e, dessa vez, o Técnico Francisco Raimundo da Silva conseguiu trazer 3 sementes e 15 galhos para tentar pegamento por estaquia. Como o pegamento foi zero, conseguimos fundos para enviar o Técnico Francisco Raimundo da Silva a Goiânia, por 6 dias, a fim de especializar-se na enxertia de pequizeiro. Fez 6 enxertos, dos quais 4 pegaram. Assim, o fato de se ter encontrado uma planta que produz frutos com caroços sem espinhos e uma boa técnica de propagação, tornou-se uma esperança para, dentro de 4 a 8 anos, termos boa distribuição de mudas de pequi sem espinho no caroço. Também essa mutação tem todas as características para transformar o pequi numa fruta de mercado, tanto para as populações pobres como para mercados regulares de frutas nacionais e estrangeiras. Isso não somente melhorará o pequi para maior consumo, como também se poderá indicá-lo para plantio em pomares caseiros, aproveitando a alta apreciação que já possui. Todas as vezes que informamos que estamos trabalhando com "pequi sem espinho no caroço", obtemos imediata atenção e procura por sementes e mudas desse mutante. Todos que experimentaram os caroços carnudos, acharam-nos um pouco mais doces que os comuns e muito melhores devido à falta de espinhos.

Fonte: scielo.br

Foto curiosa de um pé de pequi no meio da rua



Foto de um pequizeiro no meio da rua em Jaciara, Goiás

Ficheiro com o mapa de Minas Gerais- localização de Pequi


Fonte: Wikipédia